Muitos parabéns à Alexandra Francisco Ramôa da Costa Alves do 9º C a quem foi atribuído o 2º prémio - modalidade texto original no Concurso Uma Aventura... Literária 2013.
De entre mais de 10 125 trabalhos individuais e de grupo, de mais de 400 escolas do ensino básico e secundário, a aluna destacou-se pela qualidade do trabalho que encantou o júri.
O prémio, e conforme o regulamento, consiste na publicação do seu trabalho num dos livros da coleção Uma aventura , estreando-se como autora com obra publicada.
A Alexandra partilhou connosco o seu belíssimo texto:
E
|
ra uma vez um
mamute. Um mamute fora-de-lei, obviamente, visto que a função, bem
estipulada, dos mamutes, é estarem extintos.
O mamute estava sozinho. Claro:
não tinha raça; vivia à parte da sociedade, porque não conhecia os seus iguais.
Estava assim, a ser um violador da ordem, numa clareira, solitário, quando
passou um leão. E todos têm conhecimento de que os leões são um símbolo de
poder, pelo que o mamute pensou, alegremente, ter vislumbrado a sua solução,
emoldurada pela majestosa juba que resplandecia, dourada, ao sol.
- Olá animal, disse o leão.
- ... Mamute, especificou o
mamute.
- Para mim, leão, não podem
existir desigualdades. Aos meus olhos, todos são iguais. São todos animais, e
assim os trato, sem preferências.
- Estou extinto. Sem espécie. Sou diferente!
Procuro integrar-me.
- Não discrimino ninguém. És igual
a todos... A igualdade é a base da satisfação dos meus súbditos.
- Quanto a mim, apenas podes
tratar todos em igualdade se reconheceres as suas diferenças...
- Que diferenças?... Um conselho:
talvez possas falar com a coruja. É poeta. Ela poderá, quem sabe, ajudar-te.
Dizem-se os poetas sábios...
- Já me deparei com alguns dos
seus trabalhos. Mas afinal, ela apenas usa palavras sonantes e nobres em
descrições. Em que me pode ajudar?
- É poeta...
E
o leão prosseguiu o seu caminho,
exuberante e pensativo, sem ao menos dar uma resposta. O mamute suspirou.
Passado algum tempo, viu um conjunto de chimpanzés a passar. Às interrogações
insistentes do mamute, responderam com rugidos guturais.
-
Mas é a única coisa que sabem fazer?!
Os
chimpanzés nem responderam. Prosseguiram o caminho, emitindo mais alguns sons
sem sentido. O mamute sentiu-se vexado. Tentou argumentar. Os animais com os
quais mais receava discutir eram os animais ignorantes; por mais que
contra-argumentasse racionalmente, não obtinha reações que não sons
irritantes. Nem teve tempo de pensar
muito, pois logo a seguir apareceram alguns macacos franzinos. O mamute repetiu
as suas perguntas, e a resposta foi a mesma, mas com débeis grunhidos de
imitação. Prosseguiram o seu caminho, pelo mesmo itinerário que os chimpanzés.
Estes eram ainda piores que os outros. Se era para serem irracionais, ao menos
que fossem irracionais orgulhosos e únicos. O mamute riu-se. Eram criaturas
ridículas...
O
mamute já estava a desesperar, passado o breve momento de escárnio, pela sua
solidão. Foi aí que passaram 3 babuínos. O mamute interpelou-os.
-
Não falamos. Não nos assemelhamos a ninguém. Somos diferentes, temos um mundo à
parte. Estamos sozinhos, as nossas ideias são distintas, não conseguirás
compreender.
-
A minha raça está extinta, também!
Mas
os babuínos seguiram o seu caminho, de cabeça erguida. Nunca tinham visto
nenhum animal assim... ser estranho!
Só
assimilam diferenças de semelhantes, pensou o mamute, deixá-los-ei viverem
isolados no seu grupo. Que difundam a sua rebeldia, exclusão e solidão em
uníssono... Só alguns ouviriam – a ele era-lhe indiferente.
Acabadas
as considerações, o mamute quase que desesperava novamente, quando ouviu
barulhos, e umas trombas destacaram-se entre o arvoredo. Era uma manada de
elefantes. Correu e juntou-se ao grupo, no fim da manada. Deixou para trás o pêlo.
1 comentário:
Parabéns Alexandra! Gostei muito do teu texto.
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