terça-feira, 7 de maio de 2013


Muitos parabéns à  Alexandra Francisco Ramôa da Costa Alves do 9º C a quem  foi atribuído o 2º prémio - modalidade texto original no Concurso Uma Aventura... Literária 2013.
De entre  mais de 10 125 trabalhos individuais e de grupo, de mais de 400 escolas do ensino básico e secundário, a aluna  destacou-se pela qualidade do trabalho que encantou o júri.
O prémio, e conforme o regulamento, consiste na publicação do seu trabalho num dos livros da coleção Uma aventura , estreando-se como autora com obra publicada. 

A Alexandra partilhou connosco o seu belíssimo texto:


E
ra uma vez um mamute. Um mamute fora-de-lei, obviamente, visto que a função, bem estipulada, dos mamutes, é estarem extintos.
O mamute estava sozinho. Claro: não tinha raça; vivia à parte da sociedade, porque não conhecia os seus iguais. Estava assim, a ser um violador da ordem, numa clareira, solitário, quando passou um leão. E todos têm conhecimento de que os leões são um símbolo de poder, pelo que o mamute pensou, alegremente, ter vislumbrado a sua solução, emoldurada pela majestosa juba que resplandecia, dourada, ao sol.
- Olá animal, disse o leão.
- ... Mamute, especificou o mamute.
- Para mim, leão, não podem existir desigualdades. Aos meus olhos, todos são iguais. São todos animais, e assim os trato, sem preferências.
- Estou extinto. Sem espécie. Sou diferente! Procuro integrar-me.
- Não discrimino ninguém. És igual a todos... A igualdade é a base da satisfação dos meus súbditos.
- Quanto a mim, apenas podes tratar todos em igualdade se reconheceres as suas diferenças...
- Que diferenças?... Um conselho: talvez possas falar com a coruja. É poeta. Ela poderá, quem sabe, ajudar-te. Dizem-se os poetas sábios...
- Já me deparei com alguns dos seus trabalhos. Mas afinal, ela apenas usa palavras sonantes e nobres em descrições. Em que me pode ajudar?
- É poeta...
       E o leão prosseguiu o  seu caminho, exuberante e pensativo, sem ao menos dar uma resposta. O mamute suspirou. Passado algum tempo, viu um conjunto de chimpanzés a passar. Às interrogações insistentes do mamute, responderam com rugidos guturais.
          - Mas é a única coisa que sabem fazer?!
          Os chimpanzés nem responderam. Prosseguiram o caminho, emitindo mais alguns sons sem sentido. O mamute sentiu-se vexado. Tentou argumentar. Os animais com os quais mais receava discutir eram os animais ignorantes; por mais que contra-argumentasse racionalmente, não obtinha reações que não sons irritantes.  Nem teve tempo de pensar muito, pois logo a seguir apareceram alguns macacos franzinos. O mamute repetiu as suas perguntas, e a resposta foi a mesma, mas com débeis grunhidos de imitação. Prosseguiram o seu caminho, pelo mesmo itinerário que os chimpanzés. Estes eram ainda piores que os outros. Se era para serem irracionais, ao menos que fossem irracionais orgulhosos e únicos. O mamute riu-se. Eram criaturas ridículas...
         O mamute já estava a desesperar, passado o breve momento de escárnio, pela sua solidão. Foi aí que passaram 3 babuínos. O mamute interpelou-os.
          - Não falamos. Não nos assemelhamos a ninguém. Somos diferentes, temos um mundo à parte. Estamos sozinhos, as nossas ideias são distintas, não conseguirás compreender.
          - A minha raça está extinta, também!
          Mas os babuínos seguiram o seu caminho, de cabeça erguida. Nunca tinham visto nenhum animal assim... ser estranho!
          Só assimilam diferenças de semelhantes, pensou o mamute, deixá-los-ei viverem isolados no seu grupo. Que difundam a sua rebeldia, exclusão e solidão em uníssono... Só alguns ouviriam – a ele era-lhe indiferente.
           Acabadas as considerações, o mamute quase que desesperava novamente, quando ouviu barulhos, e umas trombas destacaram-se entre o arvoredo. Era uma manada de elefantes. Correu e juntou-se ao grupo, no fim da manada. Deixou para trás o pêlo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns Alexandra! Gostei muito do teu texto.